21 de Setembro - Dia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer 

Saúde / 650

Data chama a atenção para a necessidade de buscar informações sobre as diversas formas de demências

Neste 21 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer, oportunidade em que são promovidos debates sobre a saúde mental e todos os tipos de demência. A campanha deste ano chama a atenção para os sinais de alerta da doença, incentivando as pessoas a buscar informações, bem como a entrar em contato com associações para requisitar aconselhamento e apoio para todas as demências, incluindo o Alzheimer. 

Atualmente, é a Lei nº 11.736/2008 que instituiu no país essa data, convocando a Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz) e toda a Comunidade Global de Alzheimer para realizar campanhas e discutir o assunto neste Mês da Conscientização sobre Alzheimer, denominado Setembro Lilás. O objetivo é estimular o cuidado com a saúde do cérebro ao longo da vida, possibilitando a prevenção e melhoria da qualidade de vida da população.

Como tema para as ações deste ano de 2023, a Alzheimer´s Disease International (ADI) escolheu a temática 'conheça a demência, conheça a doença de Alzheimer'. A ADI reconhece que o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e ainda sem cura que afeta, majoritariamente, pessoas acima de 65 anos de idade, impactando a memória, a linguagem, raciocínio, controle motor e a percepção do mundo. Ela ocorre de maneira lenta, acometendo todo o cérebro em aproximadamente dez anos, sendo capaz de provocar alterações no comportamento, na personalidade e no humor.

Variações de demência

Os tipos mais prevalentes de demência são: a doença de Alzheimer, a demência vascular, a demência frontotemporal, a demência com Corpos de Lewy e, ainda, as demências parkinsonianas - nesta ordem. Quando evolui, o Alzheimer provoca a neurodegeneração do tecido cerebral, o acúmulo da proteína conhecida por beta-amiloide e as tranças neurofibrilares, que envolvem as células à medida que essas têm seu tamanho reduzido.  

Em todo o mundo, estima-se que cerca de 55 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de demência, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo a mais comum a doença de Alzheimer, que atinge sete entre dez indivíduos. Ela também é a sétima causa de morte entre todas as doenças e a maior causa de incapacidade e dependência dos idosos no mundo. Com o envelhecimento da população, a OMS alerta para a tendência de aumento preocupante desses números. Estimativas da ADI, sediada no Reino Unido, mostram que os números globais poderão chegar a quase 75 milhões, em 2030, e em 2050, atingir cerca de 131 milhões de pessoas.

No Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) estima que existem 1,2 milhão de casos, a maior parte sem diagnóstico. A doença geralmente acomete pessoas acima de 65 anos, (principalmente mulheres) e de acordo com a U.S.Census, mais de 21% da população brasileira será de idosos em 2050, com consequente aumento de casos de demência. 

Saúde mental precisa ser cuidadosamente construída 

Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o serviço de saúde conta atualmente com uma equipe formada por médicos, psicólogos, odontólogos, nutricionistas e fonoaudiólogas. Com foco na saúde mental do trabalhador, ele dispõe de nove psicólogos e dois psiquiatras que atendem servidores da Casa nos dois períodos.

A psiquiatra Melissa Ribeiro Nunes Duarte atendeu a equipe de reportagem da Agência de Notícias para falar sobre tudo que envolve as demências e a doença de Alzheimer. “A importância desse serviço na Alego se dá porque muitos problemas de saúde podem contribuir para o surgimento de doenças mentais, que por sua vez, quando não tratadas, podem ocasionar algum tipo de demência, dentre elas, o Alzheimer", explicou a médica. 

Ela adverte que a oferta de suporte na construção da saúde mental impacta diretamente na qualidade de vida. “Nessa perspectiva é importante trabalhar com três pilares fundamentais: prevenção, percepção e tratamento, normalmente nessa ordem de prioridade. A prevenção em saúde mental envolve desde uma boa alimentação, atividade física, momentos de lazer, sono de qualidade, bons relacionamentos, autoestima e ainda, o acompanhamento médico de rotina.”

Quando surgem os sintomas, a especialista adverte que o primeiro passo é excluir outras doenças para que seja feito um diagnóstico diferencial. A depressão, por exemplo, é uma doença que precisa ser afastada para que seja considerada a possibilidade do paciente estar realmente apresentando um quadro de demência ou um quadro clássico de Alzheimer. “Quando se trata do Alzheimer, o paciente deve apresentar um déficit cognitivo e vai ter mais chances de adoecer, fazendo mais pneumonia de repetição, infecções urinárias, apresentando um declínio clínico. Então, a doença começa no sistema cognitivo e depois atinge todo o sistema motor.” 

De acordo com a psiquiatra, o diagnóstico de Alzheimer é feito por exclusão. “Por exemplo, se o paciente tem 65 anos, memória muito ruim que preocupa a família, fazemos uma investigação para excluir se foi uma hipertensão mal tratada, se foi um infarto, se o paciente fez uma demência vascular, se é um demência frontotemporal, porque existem vários tipos de demência, mas se não achei nada entendo que é Alzheimer”, expica a psiquiatra. 

Maior prevalência em mulheres 

A médica entende que além dessas moléstias relacionadas acima, a depressão, quando não tratada adequadamente, aumenta em seis vezes mais o risco de desenvolver uma demência, sendo que as mulheres têm seis vezes mais prevalência da doença de Alzheimer do que os homens, por viver mais, estudar mais e ter uma série de hormônios que se alteram frequentemente. O fato da mulher ser multitarefa e ser mais cuidadora do que cuidada também contribui, além das doenças crônicas como diabetes e ainda o sedentarismo.

Um estudo publicado pela revista americana "Neurology", da Academia Americana de Neurologia, revelou que as mulheres de meia-idade têm mais chances de apresentar alterações no cérebro relacionadas à doença de Alzheimer. A descoberta foi feita através de exames de imagem e para os estudiosos, a queda do estrogênio, hormônio feminino que deixa de ser produzido na menopausa, pode ser o fator preponderante. O estudo se utilizou de ressonância magnética e pet scan, para detectar a presença de placas beta-amiloides no cérebro, um biomarcador associado ao Alzheimer, comparando o volume de massa branca, o nível de placas beta-amiloides e a taxa de metabolismo de glicose, que indica seu grau de atividade.  

Nesse estudo comparativo com um grupo composto de homens e outro de mulheres, na faixa de 52 anos de idade, elas tiveram piores indicadores do que eles em todos os quesitos, alertou Lisa Mosconi, diretora de pós-graduação dedicada a estudos sobre o cérebro feminino, na Universidade de Cornell (EUA). Ela destacou que embora o Alzheimer remeta ao envelhecimento, esta é uma doença que começa na meia-idade e sua prevenção depende muito de hábitos saudáveis ao longo da existência. 

Independentemente do sexo, entretanto, quando surgem os sintomas, os mais comuns que merecem ser considerados são: perda de memória recente, desorientação temporal, desorientação topográfica, alterações na memória visual, dificuldades para realizar tarefas antes desempenhadas com facilidade, alterações comportamentais, como apatia e desinteresse, agressividade, irritabilidade e agitação. Já dentre os fatores de risco da doença podemos citar: idade avançada, baixa escolaridade, estilo de vida, histórico familiar, mutações genéticas, doenças cardiovasculares e traumatismo craniano. 

A orientação é que as pessoas procurem o médico quando perceber qualquer prejuízo, especialmente aqueles relacionado ao sono, memória, atenção, e esquecimento de coisas simples do cotidiano. Quanto mais precoce é feito o diagnóstico, mais tempo de vida funcional o paciente vai poder desfrutar, especialmente quando tem início o uso de medicação anticolinesterásica. Não existe cura, mas os medicamentos e as estratégias de controle podem melhorar os sintomas temporariamente.

Fonte: Agência Assembleia de Notícias
Foto: Reprodução/Alego