Projeto Bandeiras no Corredor monitora a fauna silvestre nos Parques Estaduais da Serra de Caldas (Pescan) e da Mata Atlântica (Pema), bem como no corredor que os conecta
Um gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus) foi filmado pela primeira vez por câmeras do projeto Bandeiras no Corredor – iniciativa que monitora a fauna silvestre nos Parques Estaduais da Serra de Caldas (Pescan) e da Mata Atlântica (Pema), bem como no corredor que os conecta. Embora não seja uma espécie incomum, os pesquisadores celebraram o registro, que mostra o animal pousando no chão para tomar um banho de sol.
Coordenado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Aliança da Terra e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o projeto revisou 74 câmeras instaladas nos dois parques goianos. O Bandeiras no Corredor é a primeira iniciativa a monitorar em médio prazo a fauna da região, que abarca os biomas Cerrado e Mata Atlântica.
A bióloga e coordenadora do projeto, doutora Alessandra Bertassoni, explica que o gavião-de-rabo-branco possui uma envergadura de quase 1,5 metros de comprimento e que, embora esteja presente com certa frequência na região, não é fácil de ser fotografado ou filmado pelas armadilhas fotográficas .
O vídeo em questão foi feito no início da tarde de 20 de novembro de 2024, mas só foi encontrado durante as campanhas de revisão dos equipamentos de monitoramento, realizadas em fevereiro e maio deste ano. Na filmagem, o gavião, de bico acinzentado, observa o tempo enquanto toma um banho de sol.
Agora, as imagens vão ajudar em investigações científicas, aumentando o conhecimento sobre as espécies e ajudando na compreensão de sua ecologia e comportamento, bem como os impactos aos quais podem estar expostos.
Outros registros
Além do gavião, o projeto também conseguiu captar imagens de outras espécies. Em uma área florestal, às margens de um riacho, jaguatiricas adultas (Leopardus pardalis) aparecem simultaneamente no mesmo vídeo, sugerindo uma possível interação entre elas.
Segundo Alessandra, essa espécie também representa um importante predador na comunidade de mamíferos nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. Outro felino que aparece em uma das câmeras é a onça-parda (Puma concolor), que desfila tranquilamente de dia.
Tamanduás-bandeira, uma fêmea com seu filhote, que já crescido anda ao lado da mãe, em corredor ecológico
Em outro ponto de monitoramento, a câmera capturou imagens de tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), uma fêmea com seu filhote, que já crescido anda ao lado da mãe, aprendendo a ser independente. Na área do Corredor, também foi feito um vídeo que mostra quando o tamanduá-bandeira bebe água num fio d’água, demonstrando a importância da manutenção desses cursos nas matas das propriedades rurais.
Segundo a coordenadora, outros dois tamanduás-bandeira adultos foram vistos em outra área. A suspeita é de que trata-se de um casal, já que estes são animais solitários.
“Os registros com mais de um indivíduo foram abundantes nas últimas amostragens. Os cachorros-do-mato também apareceram em dupla, e apesar de imagens assim serem mais comuns para essa espécie, podemos observar o comportamento de caça realizado por eles”, comemorou Alessandra.
Os catetos (Pecari tajacu) também apareceram em dupla, demonstrando uma interação social típica da espécie, se esfregando uns nos outros para reforçar os elos existentes em seus grupos numerosos. Outro registro de comportamento envolveu um gato-maracajá (Leopardus wiedii), visto afiando as garras em um tronco.
Bandeiras no Corredor
Catetos se esfregam em corredor ecológico de Goiás
O projeto Bandeiras no Corredor tem o objetivo de monitorar a fauna de mamíferos e aves em áreas de conservação no sudeste de Goiás, com foco na dinâmica populacional e na relação com eventos de fogo. O nome do projeto faz referência tanto ao foco inicial no tamanduá-bandeira, considerado uma espécie “bandeira” (que protege outras espécies), quanto aos corredores ecológicos que os animais utilizam para se deslocar entre áreas.
A ação cobre um território de quase 60 mil hectares e teve início em julho de 2023. A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, afirma que o projeto servirá de subsídio para o desenvolvimento de políticas de preservação mais eficientes.
“Com o estudo, será possível avaliar como os animais se relacionam com ‘cicatrizes’ do fogo, ou seja: como eles vivem e se reproduzem em ambientes onde já houve queimadas”.
Fonte: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Governo de Goiás
Fotos: Reprodução/Semad